Objetivo

Objetivo
Descrever a agenda de viagem dos motociclistas Sandro, Wagner e Guaraci ao Deserto do Atacama no Chile, saindo do Rio de Janeiro em 27/11/2010 com previsão de retorno entre 20-22/12/2010, desde os preparativos até sua conclusão.
Inicialmente realizaremos algumas viagens locais, que também registraremos, para verificação dos desgastes físicos e dos equipamentos.

Pensamento
Nada é mais forte que o coração e o companherismo de um motociclista, porque ele é forjado no calor do asfalto, no frio do vento e na àgua da chuva (autor desconhecido).

Magrela, Formigão e Gordarela fazendo pose.

Magrela, Formigão e Gordarela fazendo pose.
As motos Magrela, Formigão e Gordarela fazendo pose no deserto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Postagem do Guaraci - dias 10-11-12 e 13

Por onde estivemos não tinha internet, portanto, atrasado, vamos as noticias.
Dia 10:
Passeio até a praça e a um shopping em La Serena atrás de GPS e cabos esquecidos em Antofagasta. 
Na parte da tarde tomamos todas em um restaurante/bar em frente da praia (Pacífico), almoçamos e fomos para o hotel, também perto da praia, para nos prepararmos para o grande dia (MUITO GRANDE).

Dia 11 (este será um dia inesquecível, ou melhor, para esquecer).
As 7hs estavamos montados nas motos, acordei a turma às 5hs, pensando que eram 6 hs, e quase me bateram. Já podem ver que o dia começou mal. Colocamos gasolina (nafta) em um posto próximo e fomos direto para Vicunha (60 km), onde colocamos mais gasolina, comprei um galão de plástico onde coloquei mais 5 litros, pois o próximo posto só do lado argentino (depois da serra). Acabei não precisando utilizar a gasolina (nafta) extra.
Chegamos na alfandega/aduana as 11hs. Uns 50 metros depois começou o rípio (RÍPIO DE ARREPIANTE).
Ínicio do rípio 50 metros adiante (logo após a alfandega)
 Não foi por falta de aviso (vide placa amarela)
 Um pedacinho da estradinha de rípio.
Subimos até 4.800 m.s.n.m (metros sobre o nível do mar), andando por estradas sinuosas de areia e pedras soltas, vento forte, abismo para todo lado, um frio desgraçado e gêlo nas encostas, onde cada metro era conquistado com 10 tombos (sem cair, só o susto), mas a moto escorregava e rebolava o tempo todo (se não sou de circo, já era). Quando já estavamos descendo (4.500 m.s.n.m) a moto do Sandro escorregou, atolou no rípio e ... tchan, tchan, tchan....chão.
Olhem a altura na placa.
 Eu encostado na parede de gêlo.
 Idem.
 O bonitão logo após a queda (a tartaruga dele não aparece na foto)
 Tentando consertar a moto, antes de eu sair atrás de ajuda.
 Após a chegada na aduana/alfândega argentina, com os amigos que prestaram socorro (já de noite). Reparem a envergadura das árvores (vento fortíssimo).
Mais uma vez só o orgulho dele ferido, mas a moto não quis mais ligar (se revoltou) pois entrou óleo no pistão. Empurra daqui, empurra dali (quase 350kg) o ar comecou a faltar nos pulmões e a dar tonturas (sensação muito ruim, pois começamos a ficar meio "léle"). Faltou uma chave de vela (bujita) nº 14 que o bonitão não tinha e aí o "bicho pegou", ou melhor PIOROU a situação. Nesse caminho só passam uns 10 carros/motos por dia (os loucos). Legal, ne?  Depois que ele apertou o botão de rastreamento (informando que estava bem e que precisava de ajuda mecânica) achando que a mamãe ia levar suquinho de laranja e o amigo Wagner ia aparecer com as ferramentas lá no alto. Combinamos que ele ficaria e eu iria atrás de ajuda (nem sei mais se para ele ou para mim). Após rodar uns 35km, morro abaixo e acima, encontrei um carro da construtora da estrada (início do asfaltamento... já fizeram uns 5 metros, só faltam os outros outros 198km), onde expliquei a situação para os ocupantes da pick-up e solicitei ajuda. Eles solicitarem que eu fosse na frente guiando.
Dei meia volta e toquei morro acima.... quando olhei para trás, cadê os desgraçados... haviam sumido. Esperei um pouco e retornei uns 10 km atrás deles, quando passaram por mim em desabalada carreira morro acima. Tentei segui-los, sem sucesso... lembrem-se que eu estava de moto no rípio e eles conhecem
bem o caminho. Voltei atrás de ajuda e encontrei um posto avançado da gendameria (policia) com 3 policiais, um deles fardado (meio abestalhado). Os outros 2 me deram água (quentíssima, que não consegui beber) e fizeram contato, por rádio, com sua base que ficava na alfândega/aduana argentina, mais adiante, informando a situação. Me disseram que só poderiam prestar socorro se houvessem vitimas e que eu deveria ir até essa base buscar ajuda (só mais 20km de rípio e 40km de estrada asfaltada). Moleza para quem estava cansado, "resfolegando", com fome, com sede e preocupado com os amigos. E lá fui eu aos trancos e barrancos (sem trocadilho, pois se desse mole o vento me jogava no abismo ou contra as paredes de pedra e gêlo do morro - bem que ele tentou). Mas o que são 4.000 m.s.n.m para quem foi PQD, só que nunca havia saltado de moto e sem paraquedas (ia ser a minha primeira experiência). 

Quando cheguei ao posto da fronteira, todos os funcionários da alfandega, da aduana e da polícia estavam do lado de fora me esperando, como seu eu fosse um heroi ou, mais provavelmente, um LOUCO. Contei a façanha e o problema. Foram solícitos e colocaram um carro à disposição para ir buscar as pessoas, mas que não poderiam trazer a moto. Disse que esperassem um pouco e, se fosse o caso, fossem buscá-los e enfiassem o pé na moto e a jogassem no abismo (depois era problema do seguro).
O policial entrou em contato, por radio, com o carro da empresa que foi ajudar, sendo informado que já estavam no local e iriam rebocar a moto (puxando).
Fiquei horas esperando e segurando o carro da policia que tinha ficado a disposição (não deixei o carro da policia sair de lá até estar confirmado que o socorro estava mesmo sendo prestado). Eles só chegaram às 20hs na alfândega/aduana sendo rebocados. Segundo o Sandro, durante o reboque, ele só caiu mais 3 vezes, 2 para direita e uma para a esquerda (o cara é bom mesmo, diria até que é um "profissional da queda" e só quebrou metade da moto). Ele está me ensinando, na prática, como cair e eu não consigo aprender de jeito nenhum (como sou burrinho). Enfim, chegaram e o Sandro que estava estava mais sujo que pau de galinheiro se ajoelhou aos pés dos socorroristas agradecendo a ajuda, tirou fotos, deu uma bandeira do Brasil  e convidou-os para jantar, já que não queriam dinheiro (ai já é outra estoria que eu conto depois).

Fizeram a alfândega/aduana argentina e sentado na moto, toca o Sandro a remar com os pés a moto em direção a germanderia, só 2 km adiante, para guardar a moto.

Resumindo:
4.800 m.s.n.m, vento fortíssimo, gêlo e frio de rachar, falta de ar, tonteira, abismo e ripio.... Quem me convidar para um outro "passeio" destes no tal de rípio, pode considerar, de antemão, a mãe xingada.
Quando ele apertou o tal botão informando que precisava de ajuda mecânica, aqui no Brasil o "bicho pegou". Foi um tal de ligar para a polícia federal, para embaixadas, comprar passagens de avião para irem até lá, idas a igreja falar com Papai do Céu... foi um "rebu" só. E nós, em um hotel de termas e só descobrimos telefone no dia seguinte.
Ia me esquecendo de falar do jantar. Os 2 elementos chegaram as 22:30hs e tomaram 5 garrafas de vinho... já viram, né???!!!... o Sandro aguentou eles até às 2 da madrugada... eu pulei fora as 23hs e fui dormir... e depois vem o pior... marcaram de vir nos buscar no dia seguinte, já que eram mecânicos de máquinas pesadas e cozinheiros e que eles iriam fazer um jantar para nós... (só Deus sabe de que seria)... no dia seguinte esperamos (com muita ansiedade e expectativa) até as 22hs e eles não apareceram.... nunca ficamos tão felizes... eles chegaram as 22:30h e já tinhamos ido dormitr... escapamos dessa....

Dia 12:
Como era domingo e a cidade (que não existe) é pequena, fomos atrás de uma oficina, que encontramos a 15km do hotel (o mecânico mora na casa colado no galpão oficina). Nos emprestou algumas ferramentas e fomos até a germanderia (sentido oposto ao hotel 10 km), onde estava a moto. E, .... as chaves não serviram. Voltamos na oficina e o cara, de improviso, pegou um cano e fez uma chave para tirar a bujita (vela). Voltamos e desta vez a chave improvisada serviu. Ligou-se a moto e espirrou óleo (azeite) e vela igual a um tiro. Recolocada a vela a moto funcionou, saindo fumaça de óleo queimado (aquele cursinho de mecânico por correspondência que o Sandro fez, deu resultado. Nisso ele também é bom. Espero que ele não leia este trecho, pois a “tartaruga”dele pode inchar mais). Acabou dando uma voltinha com um policial que gostou da moto e até tirou fotos.
Hoje foi o dia em que os caras iam nos pegar para jantar..... iam fazer um assado (só Deus sabe de que)... o Sandro disse que ia para o sacrifício mas deixaria a tartaruga presa no hotel.

Obs.:
Tartaruga, segundo o irmão do Sandro, é o símbolo da humildade.
O Sandro sem GPS, sem telefone (I-phone 4, xique né?), sem ligar o computador é um morcego surdo (fica alienado).

Dia 13:
Fomos de San Juan (a cidade onde ficaríamos, ainda estava a 200km) para Cordoba (787km), direto para a concessionária BMW. Deixamos as motos lá (a minha para a revisão dos 10.000km e a do Sandro para tentar refazer os pedaços que sobraram), depois fomos para um Apart Hotel (arranjado pelo gerente de vendas da BMW) no centro da cidade (um bom ponto). Comemos uma pizza regada a Quilmer (2) e fomos dormir e eu fiquei até às 2hs da madruga digitando este texto.

Como as motos só ficarão prontas no final da tarde, resolvemos pegá-las na 4ª feira pela manhã e ir direto para Colon (fronteira com o Uruguai). Em situação normal, deveremos chegar no domingo, se o meu companheiro de viagem não aprontar outra hehehehe

As fotos quando der coloco.... são tantas que já me perdi.

Estamos todos bem e dispostos (?????). Abraços à todos.

3 comentários:

  1. Guará... só tenho uma coisa a dizer: vc é completamente louco... tem que internar! Ainda bem que ficou só no curso de PQDT pois se tivesse feito o PREC tinha reprovado na primeira aula: a de REC (reconhecimento da área da missão).
    Putz!!!

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  2. Por isso tudo acho até que me desesperei pouco, aliáis, nem me desesperei fiquei totalmente amortecida. Meus olhos não desgrudavam do computador, liguei para o 0800 do spot só umas 300 vezes.
    Mas eles disseram que em um caso de ajuda tem que ligar imediatamente o comando 911, o que não foi feito.
    Eles só mandam socorro através desse comando e que o Sandro foi avisado dessa situação.
    Bom, mas graças a DEUS, estão todos bem e com histórias para contar.
    Que pena, né amor, que você já está aposentado, mas já fiz todas as minha amigas lerem,heheheh.
    Beijos, TA
    Maria Teresa

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  3. GUARACI, você é meu herói. Este dia 11 é digno do mais genuíno capricorniano ! Merece ser comemorado no GALETO da Barra e você quebrando a cisma de não gostar de um franguinho.

    Parabéns a você e equipe/amigos por esta grande superação digna de flamenguistas da melhor estirpe. abraços DDP

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